A própria palavra ‘cooperativismo’ já nos deixa pista de que essa atividade tem suas bases na cooperação e união entre as pessoas. E é exatamente assim, pautada na gestão democrática e participativa, de acordo com aquilo que pretendem seus associados, que uma organização desse tipo funciona. Como são prioridades, a participação dos associados é o principal fator para a eficiência empresarial das cooperativas.

Veja só o que diz a lei 5.764, de 1971, que define a Política Nacional de Cooperativismo:

Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

A partir da leitura da lei, é possível notar uma diferença relevante entre uma cooperativa e uma empresa capitalista. Você conseguiu identificar? Em uma só palavra: lucro.

Nas cooperativas, não existe a maximização do lucro como fim da atividade econômica. Mas, atenção! Isso não significa que a cooperativa não terá nenhum ganho monetário. A organização precisa de retorno financeiro para a sua própria sustentabilidade. A economia, no entanto, é solidária. Isso porque a cooperativa não se submeterá à regra do lucro máximo de outros tipos de empreendimentos para obter esse ganho. Perspectivas sociais, educacionais, e que agregam qualidade de vida são mais importantes do que as perspectivas econômicas.

Outra grande diferença entre os dois modelos de empresa deriva da preocupação social. A distribuição das sobras em uma cooperativa é decidida de forma democrática, com a participação de todos os envolvidos, o que reduz a probabilidade de injustiças nessa distribuição.

É por isso que a Educação Cooperativa dos associados é importante para o funcionamento de uma cooperativa. Essa educação deve ser voltada para a conscientização política e social dos cooperados, para a transparência na gestão e para a organização do quadro social.

O QUE É COOPERATIVISMO?

Cooperativas médicas

No setor da saúde, as cooperativas têm se destacado. Com a união em cooperativas de trabalho, os médicos têm conseguido melhorar suas relações com o mercado, tanto na negociação com os compradores de serviço, como na recuperação das glosas.

O que é glosa?

É o serviço cobrado que o convênio deixa de pagar. Neste ponto, a criação das cooperativas de trabalho representou um passo fundamental, por desenvolver um sistema de faturamento mais preciso e ágil, que possibilita o controle dos procedimentos glosados e maior agilidade na sua recuperação.

História do cooperativismo

Em algum momento da leitura dessa página você deve ter se perguntado: de onde surgiu este modelo? O contexto de surgimento desse sistema data da época da Revolução Industrial. Assim, no final do século XVIII, já estavam claros, na Inglaterra, os princípios de funcionamento de uma cooperativa como empresa de economia solidária de maior escala (número mínimo de 20 pessoas físicas para sua formação, conforme a lei brasileira 5.764, de 1971).

Em 1844, foi fundada a primeira cooperativa formal, dos tecelões de Rochdale. Nos arredores da cidade de Manchester, em Rochdale, um grupo de 28 tecelões se uniu para comprar itens de primeira necessidade, como alimentos. Chamava-se “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”.

Cada um dos 28 tecelões entrou no negócio com 1 Libra. Em um ano o capital da organização chegou a 180 Libras. Em uma década, a organização já contava com 1400 associados.

Em seguida, surgem cooperativas de crédito na Alemanha, que rapidamente se espalham pelo país e para o resto do continente europeu. Em 1881, já existiam 1000 cooperativas que totalizavam 550 mil associados.

O movimento aparece como uma alternativa à exploração da classe trabalhadora. Enquanto a lógica do capitalismo institui a competição, esse sistema estimula a cooperação.

Hoje o modelo é reconhecido legalmente no mundo inteiro como forma de organização. No Brasil, a primeira cooperativa oficial foi registrada em 1891, em São Paulo, com o nome de Associação Cooperativa dos Empregados da Companhia Telefônica de Limeira.

Vários são os valores que norteiam o movimento:

• Processo democrático: seja para a tomada de decisões, seja na participação econômica dos membros, o processo democrático é o que deve pautar as atividades.
• Educação cooperativa: outro valor é o dever de proporcionar educação, treinamento e informação para os associados.
• Cooperação: uma organização deve cooperar com a outra e fortalecer o movimento, além de trabalhar pelo desenvolvimento sustentável da comunidade.

VISÃO 2020: O FUTURO DO COOPERATIVISMO

“Visão 2020” é um Plano de Ação para a Década Cooperativa elaborada pela Assembleia Geral da Aliança Cooperativa Internacional, a partir do Ano Internacional das Cooperativas das Nações Unidas, que foi celebrado em 2012.

O Plano prevê que até 2020 a forma cooperativa de negócios se torne:

• Líder reconhecido em sustentabilidade econômica, social e ambiental;
• O modelo preferido pelas pessoas;
• O tipo de empresa de mais rápido crescimento.

Fontes:
Lei 5.764/71; Politize; Sebrae; Sistema Ocemg; Portal do Cooperativismo Financeiro; SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1ª ed., 2002.